Shopping, proinveste e outras mais... por Sydnei Ulisses*Estou impressionado com a comoção social causada pela cobrança do estacionamento nos shoppings da cidade. Como cidadão militei na defesa do consumidor, inclusive dirigindo Procon e não me recordo de movimento tão organizado ferindo diretamente a receita dos comerciantes que investem muito dinheiro e trabalho para estarem nas privilegiadas praças de alimentação e corredores destes centros de compras.
Recordo-me que recentemente fatos de violência em shopping como assassinato e estupro estamparam os noticiários da cidade, e rapidamente, com discretíssima repercussão, ocuparam a vala do esquecimento. Ninguém se lembra mais do nome do instrutor de trânsito e tão pouco a idade da adolescente envolvida no caso de suspeita de estupro.
Claro que os estudantes da faculdade instalada em um dos shoppings serão prejudicados com acréscimo do custo se quiserem continuar ocupando as salas de aula, e que os comerciários serão severamente penalizados já que terão que optar entre pagar R$ 9,00 por dia ou se deslocarem ao trabalho pagando passagem do "transporte coletivo" de qualidade conhecida, ofertado aos menos afortunados.
Penso que o movimento de enfrentamento desencadeado por sindicatos e internautas é legitimo e importante. Digo mais, certamente fará inveja as cidades em que os shoppings transformaram o estacionamento em fonte de receita sem serem incomodados. Apenas não consigo entender as reações da sociedade que cala diante de fatos tão importantes como assassinato e estupro, mas concentram energia em manifestações contra cobrança de estacionamento.
Quer ver outra? Estamos prestes a perder o aporte de 720 milhões para investimento no Estado de Sergipe, dinheiro do governo federal que depende da aprovação da Assembléia Legislativa para ser repassado ao governo sergipano, e os legisladores estão "esgotando" as discussões em torno da pauta de aplicação dos recursos. Do jeito que vai só pararão de discutir quando o empréstimo estiver inviabilizado por descumprimento de prazo.
O Estado não vai parar em função da perda deste empréstimo, mas certamente terá outro ritmo e com certeza deixará de realizar grandes e importantes obras que geram de forma direta, milhares de empregos aos sergipanos. No entanto, não tenho percebido manifestações acaloradas das entidades de trabalhadores nem tão pouco dos internautas.
O Estado vai diminuir o seu crescimento, serão 720 milhões a menos na economia e certamente muitos sergipanos deixarão de ter acesso a empregos de carteira assinada se pensarmos apenas na questão do emprego. De fato todas as áreas serão afetadas contundentemente.
Quero crer que a queda de braço da cobrança do estacionamento será favorável aos cidadãos, mas gostaria também de poder crer que a sociedade vai se sensibilizar e encampar as discussões dos demais temas com a mesma vontade. De outra forma teremos estacionamento gratuito, com menos empregos, menos obras, menos investimento, menos qualidade de vida para todos nós. *Sydnei Ulisses coordenou Procon de 2001 a 2004 em Ribeirão Preto (sydneiulisses@gmail.com )
oi
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